segunda-feira, setembro 25, 2006

Renuncia - Gonçalo Almeida

Algures em 2005

Após várias tentativas de negação, decidi admitir.

Eu tinha realmente voltado.
Durante três pequenos pedaços de tempo, eu teria provado a felicidade.

De regresso a casa, já desabituado do que é não ter pés nem mãos para a minha loucura,
abracei a dor e a morte como melhores amigos.

Atrás de mim outra vez...

Sem coragem para enfrentar o mundo, a porta do quarto fecha-se e novamente sou só eu e as minhas duvidas.

Eu precisava de nascer outra vez, mas não encontrava razões para isso.

A minha motivação sempre a retirei dos podres do mundo. Mas se desses já só sobra a minha ressaca, o espelho
denuncia-me e ataco-me a mim próprio,pela culpa de ser cada vez mais eu.

A escrever, custa-me...

Fui feliz e tornei-me normal.
Agora todo o valor que julgava outrora ter e do qual me orgulhava tornou-se ódio
e raiva por me ter deixado ficar assim.

Venho por este meio afirmar-me como cidadão comum.
Jovem sem coragem,de cabeça caída em ventos pendulares.
Cara lavada pelo desgosto de não me ter encontrado.

Acabou-se o tempo.

Não provei que consigo ser melhor que tu.Entao descanso no leito do da desgraça.
Remédios são palavras para minha doença.
Sou doente mas normal, pois perdi-me.
É sobretudo dificil manter um raciocinio limpo,nesta fase, pois tudo quanto tenho é uma pessoa que odeio.
Desrespeitei-me a mim e a minha chamada familia.
Valores, foi tudo e agora perdi-me, pois acabou-se o tempo.

Quem me mandou a mim...

Trair-me, ousar ser mais que eu, ser como tu...ignorando tudo o que nos separa.
Onde tinha eu a cabeça para pensar que poderia ser feliz...

Então porque olhas para mim...
Deixa-me ao menos morrer sozinho...
Se até a morte não pode ser só minha, entao eu n tenho nada...
Que vergonha...
Gonçalo Almeida

1 Comments:

Blogger Daniel said...

assim como do antídoto nasce a cura, e do veneno nasce o antídoto, a consciência necessita de descer até às suas catacumbas, para morrer por completo, pois só morrendo assim pode de novo renascer. Tal é a lei das coisas que não permanecem...

8:38 da tarde  

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