domingo, outubro 15, 2006

Os planos da estrutura ("A Ponte") - João Afonso




Os laços apertam a arrojada insistência, doce garantia em baloiços de seda. Somos os criadores e os condenados da doença, breves criativos em espasmos de indiferença, esguios entre as lentas e abrasadoras páginas do decadente desespero inusual.
Quero adormecer na corrente e observar a criatura, fantasiar no desgosto e alargar a dimensão.
Sorridente introspecção pelas fontes que viram o fim, o circulo desvanecer no crepúsculo, os membros balançarem pelo infinito corredor, rumo aos portões do começo. O homem subiu as escadas e caiu em si… «Vejo-me no centro da actividade e inactivo socializo esmorecido…»
Alguém estendeu a mão, o gesto foi ignorado – Quero aterrar sob o meu comando – Exclamou em crescente excitação – Se soubessem o quanto custa soltar o prazer da corda que aqui me prendeu; odeio os extremos, o hábito e a fuga.
O peso tornara-se insuportável, mas o tranquilo precipício não cessara de irradiar seu descontentamento.
Quem assoprou a vela? Atende ao distante chamamento e não te acanhes no salto, pois a inversão sim, é catastrófica, a escala ridícula, básica e imprevista.
Quem assoprou a vela em pleno vendaval? Observa as gotas no vidro e respira fundo pela alegria de viver. A liberdade é indestrutível, os ponteiros superiores...
“Abre o sarcófago e reclama a dor, ultrapassa a ignorância e aprende com a natureza…”
Acredito, antes de emborcar o copo, que a felicidade predomina no buraco; acredito, antes de expor o corpo, que a vontade é nua e cruel.
As árvores choravam em estático silêncio, as ruínas da cidade encurralavam o coro infernal. O guerreiro despiu a armadura e rastejou sob o húmido e arenoso solo, engoliu heroicamente a agonia e deixou as pálpebras fechar em absoluta dormência.
“Ordeno o silêncio imediato! Haja ordem nesta sala! Disponho e exerço da vontade e direito de descarregar a minha raiva e descontentamento em quem menos precisar ou desejar.” Egoísmo? Adjectivo e objectivo, humilde e evolutiva postura, partilhada no seio da família, agressiva intimidade em transitória viagem de confiança.
Dispendiosa raça, desperdício vivo. Enredo sem interesse, pobres personagens sem valor pela ligação vital. Segurando a mascara de critico pecador, representou nas peças mais importantes, incomodando os sonhadores. Onde reside o orgulho daquilo que não construímos? Quem aprende a fazer perguntas engolindo as respostas erradas? Quem não deseja publicar sua insignificante revolta? Aponte a sua preferência pois existem mil e um ofícios. Esqueça a ambição quando nascer o sol e crie uma desconfortável rotina, os pódios estão preenchidos, tudo está inventado, a tentativa será oferecida ao melhor e os atentos invejosos não cederão. Onde está agora a vontade? Existe uma explicação para o objectivo, é um adjectivo.
“Mudem o cenário! A esperança morreu durante a madrugada…Amanhã serão iniciados os preparativos para o fúnebre festival, desejo-o ligeiro e simplório, não faço intenção de quebrar regras.”

Imagem retirada do link: http://www.dvirgallery.com/images/artists/rNemet/rNemet7L.jpg
Escrito não corrigido até ao momento por falta de disposição fisica e mental - João Afonso